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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Descoberta espécie de aranha do cerrado


Esta não é ainda a aranha em questão, porque não foi divulgada sua foto, mas  se
trata de uma aranha do cerrado cujo veneno tem propriedades medicinais.



/Renata Neiva | 23/05/2012/

Um grupo de pesquisadores acaba de descobrir uma espécie de aranha do
cerrado. A equipe, liderada pela pós-doutoranda Vanessa Stefani Sul Moreira,
reúne estudiosos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade
Estadual de Goiás (UEG) e do Instituto Butantan (SP). A nova espécie foi
denominada /Mesobolivar delclaroi /em homenagem ao professor do Instituto de
Biologia da UFU, Kleber Del Claro, orientador do trabalho. O artigo vai ser
publicado no “Journal of Natural History”, do Museu de História
Natural de Londres. Além de descrever a nova espécie, os autores apresentam
seu desenvolvimento, características da história natural e do comportamento
sexual.

A bióloga e ecóloga Vanessa Stefani, da UFU, explica que a espécie foi
descoberta no Parque Municipal Bosque John Kennedy, em Araguari (MG). O
primeiro contato foi feito em 2008, durante a pesquisa de doutorado.
“Uma das questões do meu estudo abordava o levantamento de aracnídeos
que estavam associados com outra aranha, conhecida popularmente como aranha
de funil (/Aglaoctenus lagotis/), e, entre as aranhas encontradas, estava
presente uma espécie nova pertencente ao gênero Mesabolivar”, afirma
Vanessa. A descoberta foi confirmada pelos taxonomistas Antônio Brescovit e
Ewerton Machado, do Instituto Butantan – também autores do artigo.

A partir desse momento, Vanessa Stefani decidiu descrever o desenvolvimento e
o comportamento reprodutivo da espécie desconhecida pela ciência.
“Acredito que este seja um dos poucos casos de estudos no mundo que
envolvem simultaneamente a descrição biológica e a taxonômica, pois
normalmente publica-se um ou outro”, comemora a pesquisadora.

“Denominar a espécie nova com o sobrenome Del Claro foi uma grande
oportunidade que tivemos de homenagear este brilhante professor e
pesquisador, que contribui de forma tão significativa não somente para os
estudos de comportamento animal, mas também para as pesquisas de
interações planta-inseto”, justifica a pesquisadora. E como é ter o
nome perpetuado pela ciência? Kleber Del Claro não esconde a emoção ao
falar sobre a homenagem. “Fiquei tão surpreso com a decisão do grupo
que até pensei em retirar meu nome do trabalho, mas estou muito feliz pelo
reconhecimento dos colegas”, afirma.  

*Espécie*

Um longo caminho foi percorrido pelos pesquisadores desde a descoberta da
espécie, em 2008. Indivíduos foram coletados e conduzidos para ambiente de
laboratório. O trabalho de acompanhamento do desenvolvimento da espécie
envolveu desde a eclosão do ovo à fase adulta até as etapas de
comportamento sexual, postura de ovos e cuidado maternal. Enquanto isso, no
Instituto Butantan, os taxonomistas e também coautores do artigo
providenciaram a descrição da nova aranha. “Descobrimos, por exemplo,
que após a eclosão do ovo, a aranha passa por cinco /instars/ (ou troca do
exoesqueleto) até atingir a fase adulta e a maturidade sexual; toda essa
etapa de desenvolvimento tem durabilidade de aproximadamente 130 dias”,
relata Vanessa.

O comportamento sexual é dividido em quatro etapas: corte, pré-copula,
cópula e pós-cópula. A fêmea pode colocar até dois sacos de ovos (o
primeiro contendo aproximadamente 42 ovos e o segundo, 31). “O mais
interessante é que machos e fêmeas têm basicamente o mesmo tamanho, já
que em aranhas é mais comum fêmeas serem maiores que machos”, destaca
a bióloga. “Essa aranha não é considerada rara, como se pensava no
início dos estudos”, enfatiza a pesquisadora. Exemplares da espécie
foram encontrados em uma mata em Morrinhos (GO) pelo pesquisador Everton
Tizo. Para Vanessa Stefani, a publicação pode oferecer parâmetros para
novos trabalhos. “As descrições de espécies acompanhadas de outras
informações enriquecem o conhecimento dos organismos recentemente
descobertos”, ressalta a cientista.

Fonte: Universidade Federal de Uberlândia - UFU.

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