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domingo, 26 de janeiro de 2014

Os desafios da cultura literária



Não é novidade que hoje a predominância da Web tem proporcionado comodidade, celeridade e praticidade à sociedade em geral. A internet caracteriza-se por várias nuances e programas. Há algum tempo, o atual mundo virtual parecia impossível, mas hoje ganha rápida conquista no cenário social, demonstrando ser imprescindível na vida diária de seus usuários. Contudo, não podemos ignorar que trouxe também como consequência a evasão de leitores por obras literárias clássicas, ao prazer que sentimos em ter nas mãos e folheá-las como precioso meio para a preparação intelectual, imaginação e à disposição da ficção ou não da obra, ou ainda, na adequação do aprender e ensinar.


Uma das mentes mais intelectivas de Uberlândia, fez a seguinte pergunta ao Secretário de Cultura de Uberlândia Gilberto Neves, no “Programa Toda Sexta” durante a gravação ao vivo no espaço cultural, Armazém Literário no último dia 24 janeiro: “Nas escolas o Senhor vai encontrar a geração do facebook. Como fazer essa geração descobrir a beleza que existe na narração do jagunço Riobaldo em Grande Sertão Veredas?” Com propriedade e conhecimento de causa, o Senhor Secretário respondeu destacando eventos já estabelecidos como ações empreendidas pela própria secretaria que estão a nortear essas questões e proferiu também se trata de um desafio a conciliação entre web e cultura literária.


Avalio, que tanto a pergunta do ilustre intelectual, quanto a resposta do secretário, foram satisfatórias e pertinentes. Mas entendo que é um assunto que devemos discutir com maior intensidade, porque envolve a sistemática de conceituação da cultura que não pode ser apartada do aprendizado cotidiano e, deve como critério prático estar incluso na dinâmica da grade curricular até que todas as obras literárias estejam acessíveis aos leitores de forma virtual.

É provável que alguns dos novos doutores, advogados, engenheiros e até profissionais da área da educação não tenham lido a obra prima de Guimarães Rosa, bem como as obras de Machado de Assis, José de Alencar, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Mário Quintana, Monteiro Lobato e tantos outros renomados escritores que sequer foram citados. Quantos destes profissionais se formaram e não leram sequer um destes autores citados? Não duvidem disto!

A realidade é que às vezes, em decorrência desse quadro, tem-se constatado a extrema necessidade de medida para que possa salvaguardar o aprendizado, a sustentar nossa cultura literária e poder, quem sabe, de forma verossímil, conciliar as duas dinâmicas, (internet e os livros), em prol do excelente acervo cultural precedente.

A evasão de leitores de obras literárias em livros “não virtuais” precisa ser refletida, porque se torna demasiadamente, forma negativa na cultura do nosso país. Por isso, não se assustem quando não tivermos que folhearmos mais os livros e, colocando-os de lado, deixar que esse prazer inigualável da leitura seja substituído, por fazer de conta, sistematizando por resumos já preestabelecidos em trabalhos escolares, como já acontece com cópia fiel das redes sociais.

É fato que a crítica cresceu um pouco nos jornais e revistas, nos últimos anos, devido às canchas cedidas aos leitores nos espaços de opiniões. Há mais ênfase em relação às literaturas, e há também a internet. O lamentável, hoje, é que haja muito pouco debate de qualidade como o ocorrido no encontro do Programa “Toda Sexta”.

 Diógenes Pereira da Silva
diogenespsilva2006@hotmail.com

Diretor geral do Programa Toda Sexta com Pedro Popó, apresentado e gravado no Armazém Literário.







Opinião do editor:

Um tema talvez para ser discutido não tão somente na plateia do Programa Toda Sexta com Pedro Popó, mas em um Forum de Educação, que tivesse a presença das autoridades de diversos níveis, com o propósito de readequar a metodologia dos hábitos de leitura, acompanhando a tecnologia.
Sou do tempo da tipografia e da capa de livro produzida em clichê, isto é, madeira e chumbo. A evolução das editoras acompanhou a impressão dos livros e mais do que isso, a leitura hoje é praticada pelos e-books, onde podem ser lidos centenas de livros. Ora, o hábito da leitura deve ser incentivado sim, para que nossos jovens conheçam e discutam as grandes obras, agora por meio de tablets e e-books.
As escolas públicas estão muito atrasadas, e devem se adequar à nova realidade de nossos jovens, e não adequar os nossos jovens à leitura de livros impressos.
As escolas particulares e algumas públicas (não de nossa cidade) já se adequaram às novas tecnologias, com grandes autores sendo temas de questões de literatura de concursos e ENENs, presentes nos e-books e tablets, onde centenas de livros são arquivados.
A pergunta do nosso colega Ivan Santos foi totalmente pertinente, pois se a Secretaria de Educação em parceria com a Cultura não traçarem novas metas e meios para se atingir objetivos propostos em hábitos de leitura, francamente, a geração Facebook citada, não terá o mínimo interesse. Não basta obrigar a leitura pura e simples, seja em livros ou e-books e tablets, mas criar mecanismos que "falem" a linguagem dos jovens. Que tal criar o perfil do Monteiro Lobato ou a comunidade do Machado de Assis?
Mexam-se, autoridades competentes, porque o tempo corre contra vocês!

Mais uma vez, parabenizo o meu dileto amigo Diógenes Pereira da Silva, pela pérola de texto produzido, levantando uma questão de extrema relevância nos dias atuais.

Renato Cury





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