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por Diógenes
Pereira da Silva Ponto de Vista no Correio de Uberlândia
Ser negro no Brasil não é tarefa fácil para nenhum
mortal, principalmente quando se tem uma referência da negritude
internacionalmente reconhecida (Edson Arantes do Nascimento, o Pelé) que
difundiu como errada a atitude certa do jogador do Santos F. C, Aranha que
denunciou um ato racista de torcedores.
O “racismo”, tudo indica, continua na mostra do
passado e, por isso, deve tomar as causas contemporâneas como ponto de partida
para uma nova demanda. Contemporizar, por ainda não aceitar que o futuro
represente, necessariamente, uma evolução em relação às injustiças do passado,
é oferecer descontinuidades e rupturas de dogmas significativos, como se o
enfoque das mudanças comprometesse as oportunidades dos outros, dando
continuação às discriminações, amplamente conhecidas e discutidas.
O progresso de emancipação do negro, no Brasil e no
mundo, foi conquistado a duras penas, e a criação das novas formas de inserção
do negro no trabalho, nos modernos meios para a comunicação e novos materiais
provocou mudanças que se distinguem, não apenas por sua natureza, mas, principalmente,
pela forma em que ocorrem. Elas têm provocado controvérsias e não são aceitas
tão bem por parte da sociedade não negra.
A urbanização e a democratização têm tornado
predominante a concentração das populações negras em espaços urbanos, abrindo
novas possibilidades de organização da sociedade. Mas ainda é muito tímida,
para fazer surgirem novos e relevantes crescimentos nas políticas afirmativas.
Do ponto de vista das discriminações da raça, um
Brasil como o de hoje exige políticas públicas mais efetivas, com posturas que
se assentem em abertura de espaços para ascensão dos negros pela educação,
oportunidade de trabalhos dignos, que se fundamentem na continuidade de um
processo que seja futurista, mas que não seja em longo prazo.
Talvez a forma de conscientização na aceitação das
políticas públicas direcionadas aos negros esteja justamente na certeza de que
os negros não diferem das outras raças, e o que se faz hoje, no Brasil e em boa
parte do mundo é, justamente, corrigir as injustiças sociais, tão visíveis e
sustentadas no passado. Em relação à tomada de decisões da metodologia da
democracia racial, deve-se observar que o procedimento utilizado, atualmente,
não diz respeito a decisões futuras, mas às decorrências afirmadas no presente.
Por isso, é fundamental que se tenha a noção exata de que, os atos de racismo,
não só nas partidas de futebol, mas em toda a sua extensão, têm impactos morais
e psicológicos que não são contabilizados, revelados e estudados, e por isso,
dão autorização aos que praticam o racismo para a continuidade de um crime que
é, eminentemente, prejudicial ao país.
Neste contexto, é importante que os episódios de
racismo já acontecidos ajudem as autoridades a lidar com a situação de forma a
coibir a violência em virtude da cor da pele, e, principalmente seja observado
à contabilização do número de negros que são vítimas de homicídios e o
quantitativo absurdo dos que estão nos presídios brasileiros, porque aí pode
esconder outra forma concreta da prática do racismo.
Diógenes Pereira da Silva
Uberlândia – diogenespsilva2006@hotmail.com
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